sexta-feira, 5 de março de 2010

A MULHER





Olá mundo esperto,

Pensei em começar a tocar para frente este blog no dia 08/03 o qual sabemos:É O DIA INTERNACIONAL DA MULHER,porém, logo,logo refletir e corrigir: - Se vou começar no verdadeiro dia da mulher,porque não começar hoje,amanhã ou ontem? Afinal de contas a Mulher têm todos os dias,é de todos os dias,mais e mais...





Beijos,
Taciane

2 comentários:

  1. Mulher da vida, minha irmã
    Cora Coralina
    Mulher da Vida, minha Irmã.
    De todos os tempos.
    De todos os povos.
    De todas as latitudes.
    Ela vem do fundo imemorial das idades e
    carrega a carga pesada dos mais
    torpes sinônimos,
    apelidos e apodos:
    Mulher da zona,
    Mulher da rua,
    Mulher perdida,
    Mulher à-toa.
    Mulher da Vida, minha irmã.
    Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
    Desprotegidas e exploradas.
    Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
    Necessárias fisiologicamente.
    Indestrutíveis.
    Sobreviventes.
    Possuídas e infamadas sempre por
    aqueles que um dia as lançaram na vida.
    Marcadas. Contaminadas,
    Escorchadas. Discriminadas.
    Nenhum direito lhes assiste.
    Nenhum estatuto ou norma as protege.
    Sobrevivem como erva cativa dos caminhos,
    pisadas, maltratadas e renascidas.
    Flor sombria, sementeira espinhal
    gerada nos viveiros da miséria, da
    pobreza e do abandono,
    enraizada em todos os quadrantes da Terra.
    Um dia, numa cidade longínqua, essa
    mulher corria perseguida pelos homens que
    a tinham maculado. Aflita, ouvindo o
    tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras,
    ela encontrou-se com a Justiça.
    A Justiça estendeu sua destra poderosa e
    lançou o repto milenar:
    “Aquele que estiver sem pecado
    atire a primeira pedra”.
    As pedras caíram
    e os cobradores deram s costas.
    O Justo falou então a palavra de eqüidade:
    “Ninguém te condenou, mulher...
    nem eu te condeno”.
    A Justiça pesou a falta pelo peso
    do sacrifício e este excedeu àquela.
    Vilipendiada, esmagada.
    Possuída e enxovalhada,
    ela é a muralha que há milênios detém
    as urgências brutais do homem para que
    na sociedade possam coexistir a inocência,
    a castidade e a virtude.
    Na fragilidade de sua carne maculada
    esbarra a exigência impiedosa do macho.
    Sem cobertura de leis
    e sem proteção legal,
    ela atravessa a vida ultrajada
    e imprescindível, pisoteada, explorada,
    nem a sociedade a dispensa
    nem lhe reconhece direitos
    nem lhe dá proteção.
    E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
    que um homem a tome pela mão,
    a levante, e diga: minha companheira.
    Mulher da Vida, minha irmã.
    No fim dos tempos.
    No dia da Grande Justiça
    do Grande Juiz.
    Serás remida e lavada
    de toda condenação.
    E o juiz da Grande Justiça
    a vestirá de branco em
    novo batismo de purificação.
    Limpará as máculas de sua vida
    humilhada e sacrificada
    para que a Família Humana
    possa subsistir sempre,
    estrutura sólida e indestrurível
    da sociedade,
    de todos os povos,
    de todos os tempos.
    Mulher da Vida, minha irmã.
    Declarou-lhe Jesus:
    “Em verdade vos digo
    que publicanos e meretrizes
    vos precedem no Reino de Deus”.
    Evangelho de São Mateus 21, ver.31.

    Poesia dedicada, por Coralina, ao Ano Internacional da Mulher em 1975.

    Parabéns pelo seu dia!
    ops: desc. p/atraso, força maior.

    ResponderExcluir

Use o livre arbítrio!